No dia 9 de julho de 2025, o governo dos Estados Unidos anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil, com vigência a partir de 1º de agosto de 2025. A medida foi apresentada como forma de corrigir o que o presidente Donald Trump classificou como uma “relação comercial desigual”, afirmando que os EUA estariam sendo prejudicados nas trocas com o Brasil.
Além dos argumentos econômicos, Trump também citou motivações políticas, principalmente críticas à condução judicial brasileira envolvendo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente norte-americano ainda alertou que, caso o Brasil adote medidas retaliatórias, as tarifas americanas poderão ser ampliadas proporcionalmente, gerando um efeito cascata.
O governo brasileiro indicou que buscará negociação diplomática e considerará acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC). Também está em avaliação a aplicação da Lei de Reciprocidade, que permitiria ao Brasil elevar tarifas sobre produtos norte-americanos. Paralelamente, há um esforço para diversificar os mercados de exportação, reduzindo a dependência do mercado dos EUA.
Outras medidas em estudo incluem revisar a isenção de impostos para insumos importados dos EUA, via mecanismo de drawback, e avaliar possíveis restrições a produtos americanos usados como matéria-prima.
A medida afeta especialmente setores com alta exposição ao mercado norte-americano, entre eles:
- Café: O Brasil é o maior exportador mundial, e os EUA são um dos principais compradores;
- Carne bovina: Empresas como a Minerva têm forte presença no mercado americano;
- Suco de laranja: Mais de 40% da produção brasileira é exportada para os EUA;
- Aeronaves: A Embraer exporta cerca de 63% de sua produção para os EUA;
- Produtos florestais e máquinas industriais.
Do lado norte-americano, a tarifa tende a gerar aumento nos preços de diversos produtos, como:
- Alimentos processados (carne, sucos, café);
- Insumos industriais;
- Aeronaves e componentes.
Empresas como Starbucks, companhias aéreas regionais e grandes redes alimentícias podem sofrer pressão de custos e rever suas cadeias de suprimento.
Empresas brasileiras devem avaliar as seguintes ações:
- Diversificação de mercados: Buscar novos destinos de exportação fora dos EUA;
- Revisão de margens: Avaliar a viabilidade de reduzir margens para manter competitividade, ainda que isso reduza a lucratividade;
- Análise contratual e logística: Reavaliar contratos, prazos e rotas de exportação com parceiros norte-americanos;
- Monitoramento regulatório: Acompanhar a evolução diplomática e legal do caso.
A tarifa de 50% imposta pelos EUA representa um dos maiores desafios recentes para o comércio exterior brasileiro. Embora o impacto imediato recaia sobre empresas norte-americanas que importam do Brasil, os reflexos são amplos e afetam diretamente a competitividade dos exportadores brasileiros. Diante desse cenário, a reação do governo brasileiro, o posicionamento da OMC e a capacidade de adaptação das empresas nacionais serão determinantes para mitigar os efeitos econômicos e redefinir o papel do Brasil no comércio internacional.