ENTENDA POR QUE OS TEMAS CLÁSSICOS DE COMPLIANCE TÊM GANHADO CADA VEZ MAIS RELEVÂNCIA NA MÍDIA

O primeiro trimestre de 2023 foi marcado por polêmicas e escândalos: falta de transparência em balanços financeiros de empresa listada na bolsa brasileira; ação judicial para investigar conflito de interesses no assessoramento financeiro de operação de venda de varejista eletrônico; insumos possivelmente vindos de áreas de desmatamento na Amazônia invadindo a cadeia de saúde e beleza; utilização de mão de obra em situação análoga à de escravo em vinícolas; universitárias debochando de colega de 40 anos em rede social.

E podemos indicar ao menos um elemento comum em todos esses assuntos: o compliance!

Temas clássicos da estruturação e rotina dos Programas de Integridade, como a garantia da transparência dos registros financeiros, prevenção ao conflito de interesses, avaliação de riscos de parceiros de negócios, construção de um ambiente de trabalho seguro e livre de assédio e a valorização da diversidade deixam de ser pauta exclusiva dos times de conformidade e entram nas preocupações de acionistas, CEOs, diretores comerciais, times de marketing e tantos outros profissionais que compõem a estrutura organizacional das empresas, uma vez que a influência midiática de escândalos envolvendo esses assuntos pode atingir diretamente a perenidade e lucratividade dos negócios.

E a influência midiática se dá, entre outros fatores, pelo fato de o processo de compra ter a “lealdade” como uma de suas fases, que pode ser traduzida como o engajamento do consumidor em relação a uma marca, construída através da comunicação que é estabelecida entre empresa e seu público alvo por meio de anúncios e campanhas, ações de comunicação, engajamento nas redes sociais através de postagens, comentários e feedbacks, entre outros.

Escândalos envolvendo essas temáticas ganham repercussão na mídia geral pois afetam a imagem construída pelas empresas perante seus consumidores que, no processo denominado “ruptura da lealdade e busca por novas opções de compra”, passam a buscar informações e opiniões sobre os fatos e seus impactos, reunindo elementos para que possam tomar decisões em relação ao evento e buscar alternativas de consumo, tudo isso de forma inconsciente para boa parte dos consumidores, mas devidamente explorada pelos veículos de comunicação!

Nesse sentido, é importante ponderar que a sociedade está em constante evolução e a reputação passa a ser um ativo intangível relevante, impulsionada, dentre outros fatores, pela preocupação das novas gerações em relação à disponibilidade de recursos naturais e comprometimento ético e pelas análises cada vez mais criteriosas de fundos de investimentos na alocação de seus recursos, com a inclusão de tópicos de governança, integridade e sustentabilidade em suas análises de risco.

Cada ruptura de “lealdade” gera inúmeras perdas (tangíveis e intangíveis) para a empresa, sendo fundamental compreender que o investimento em estruturas de conformidade para prevenir, identificar e corrigir eventos que possam repercutir negativamente na mídia é transversal e imperativo, pois trazem resultados que extrapolam o cumprimento de leis e regulações setoriais e que impactam diretamente nos laços do relacionamento construídos com consumidores.

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